sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A Educação à Distância (EaD)Como Modalidade Auxiliar na Formação das Pessoas Com Deficiência.

 

Com a Lei de Cotas e o acesso às novas tecnologias, às pessoas com deficiência passaram a ter maior facilidade para entrar no Mercado de Trabalho. Para efetivar este processo de inclusão, este público assim como todos que procuram uma vaga na concorrida disputa por um emprego precisam se qualificar, as Tecnologias Educacionais vieram de encontro com este novo processo educacional.

A EAD além de oportunizar aqueles que moram distante de Centros de Ensino, pessoas que na correria do dia a dia não encontram tempo para essa qualificação, oferece oportunidade também às pessoas com deficiência, já que muitas vezes este público não tem oportunidade de frequentar cursos por encontrarem barreiras físicas e arquitetônicas. A dificuldade inicia-se no transporte, ou seja, no deslocamento de casa para o curso, e continua no local onde o curso é ministrado, pois este, muitas vezes não possui acessibilidade miníma para que as pessoas com deficiência possam frequentá-los, como uma rampa com corrimão ou simplesmente um banheiro adaptado.

                                                                                 (Giselle Brand)

 


Selecionei este artigo pois achei interessante, para que vocês possam analisar e comentar este tema:

 



A Educação à Distância (EaD)Como Modalidade Auxiliar na Formação das Pessoas Com Deficiência.


Resumo.

O presente trabalho analisa a importância da Educação à Distância - EaD - na formação das pessoas com deficiência. Relata-se um breve histórico da EaD no Brasil bem como o auxílio da tecnologia para a disseminação desta modalidade.
A criação da lei em que as empresas devem cumprir cotas para contratação das pessoas com deficiência, abriu concorrência entre elas como consequência de objetivarem melhores lugares nesses concursos, além do desejo de estarem à altura das competências exigidas nos editais, tanto comparando-se com pessoas com deficiências como as que concorrem nos mesmos concursos e não têm deficiências, sentindo-se, assim, capacitadas para atuarem no mercado. O mesmo acontece com aquelas pessoas que, já estando contratadas desejam, por concurso interno, melhorarem suas posições dentro das empresas.
Por outro lado, a falta de acessibilidade que boa parte das instituições de ensino superior possue, é um incentivo para que, na existência de um ensino à distância minimamente acessível, que esteja oferecendo o curso desejado que gostariam de realizar, procurem a EaD como uma opção que lhes traz a comodidade de não precisarem sair de suas próprias casas.
A EaD, aliada à tecnologia qualifica esses novos profissionais para atuarem no mercado de trabalho e auxilia as empresas a empregarem pessoas mais preparadas para cumprirem suas tarefas.
Palavras-chave: EaD; Pessoas com deficiência; Tecnologia Educacional.

1. Introdução.

A Educação à Distância - EaD - tem passado por várias fases de acordo com os avanços tecnológicos. Iniciou-se com o uso de correspondência e material impresso e nos dias de hoje tem-se o auxílio das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação - NTICs.
Todas essas transformações trouxeram mudanças para toda sociedade, que foi influenciada pelas NTICs e hoje é conhecida como Sociedade do Conhecimento. Muito tem se falado sobre o termo Sociedade do Conhecimento, que remete a uma valorização do saber saber e do saber ser em relação ao saber fazer, ou seja, o capital físico e operacional dá lugar ao capital intelectual, às competências que o indivíduo adquire por meio da educação, tais como se relacionar, cooperar, intervir e atuar de maneira consciente e cidadã no meio em que ocupa. Uma das grandes características dessa realidade social, que começou a se formar na Era Pós-Industrial, são as inovações tecnológicas.
Esse fator influenciou e continua influenciando o crescimento do acesso à informação. Sendo assim, o desafio atual é transformar informação em conhecimento. Esse desafio se dá, porque com a pluralidade de recursos e inovações proporcionados pelas tecnologias digitais, o indivíduo encontra-se cercado de aparatos tecnológicos que causam interesse e, conseqüentemente, o uso dessas novidades passa a se intensificar. Emerge, então, a necessidade de um uso favorável à educação. SILVA e SILVA NETO (2008) p. 2.
O indivíduo está cercado pelas tecnologias e a informação chega a este com uma velocidade nunca antes imaginada. É preciso que o cidadão transforme esta informação em conhecimento e a educação tem este papel.
A EaD surge, então, como uma modalidade auxiliar, atendendo ao público que devido a correria do dia-a-dia não tem tempo de frequentar aulas presenciais diárias e até mesmo não está localizado na mesma região que uma instituição de ensino. Esta modalidade acaba por abranger um tipo de público que, devido às distâncias ou falta de acessibilidade nas instituições também passam a se aproveitar da EaD: as pessoas com deficiência.
As pessoas com deficiência fazem cursos que antes eram difíceis de serem iniciados e/ou concluídos devido à falta de estrutura física e às várias barreiras existentes para chegarem os prédios das instituições de ensino que, mesmo sendo legalmente obrigadas a disponibilizarem meios amigáveis de acesso e comunicação dentro de seus estabelecimentos, não se encontram preparadas para recebê-los.
Percebe-se que muitas mudanças são necessárias e emergentes, tais como criação de políticas públicas que viabilizem a aquisição de computadores e todos os recursos necessários para que as pessoas com deficiência consigam se qualificar sem ter que sair de suas casas. Por outro lado, temos de destacar que políticas públicas de acessibilidade para que essas universidades tenham uma educação inclusiva, que sejam em si mesmas acessíveis, já existem e que devem ser aplicadas para que essas pessoas possam enfrentar todos os obstáculos físicos e sociais existentes com mais comodidade.
As pessoas com deficiência há muito já vêm se especializando e fazendo cursos em entidades de ensino superior e até mesmo são professores em inúmeros desses cursos. Pessoas com deficiência podem se qualificar para serem aceitos e podem conseguir empregabilidade por meio de suas competências e não somente pelo fato de haver leis que garantam vagas por meio de cotas.
Nesse artigo, Em um primeiro momento, discuti-se e define o que é EaD e relata-se um breve histórico de seu surgimento e evolução no Brasil, com o objetivo de conhecer melhor e entender sua expansão com o uso das tecnologias.
Em um segundo momento, analisa-se a integração das pessoas com deficiência na educação e consequentemente a inclusão no mercado de trabalho. Apresenta-se exemplo de pessoas que superaram suas dificuldades, realizaram cursos por meio da EaD e conseguiram se empregar melhor no mundo dos negócios, devido à sua qualificação e não pelo fato de haver leis de cotas.
Porém, percebe-se que muitas mudanças são necessárias e emergentes, tais como criação de políticas públicas que viabilizem a aquisição de computadores e todos os recursos necessários para que as pessoas com deficiência consigam se qualificar sem ter que sair de suas casas. Por outro lado, temos de destacar que políticas públicas de acessibilidade para que essas universidades tenham uma educação inclusiva, que sejam em si mesmas acessíveis, já existem e que devem ser aplicadas para que essas pessoas possam enfrentar todos os obstáculos físicos e sociais com mais comodidade e menos sacrifícios.

2. Discutindo sobre a Educação à Distância - EaD.

EaD não é uma modalidade nova de educação como muitos afirmam. O uso das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação NTICs, permitiram uma nova fase na EaD, proporcionando assim grande crescimento e expansão desta modalidade de ensino e aprendizagem.
De acordo com Moran (2008)3, a Educação à Distância é um processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, em que se tem os professores e os alunos separados espacial e/ou temporalmente.
O art. 1º do Decreto 5622/05 define a EaD: (...) caracteriza-se a educação à distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.
Entende-se que os envolvidos na EaD estão separados fisicamente, mas a tecnologia os mantém conectados tanto por meio da Internet, rádio, televisão, vídeo, CD-ROM, telefone, fax e demais meios tecnológicos e de comunicação. Embora estejam em espaços diferenciados e variados, professor e aluno se interagem com o auxílio da tecnologia. Os diversos recursos: Internet, vídeo-conferência, redes de alta velocidade quebram a distância existente e aproximam mais os personagens da EaD.
Algumas pesquisas apontam o uso da EaD no Brasil desde 1891, com o oferecimento de cursos de profissionalização por correspondência. A partir daí tem-se por volta de 1904 o ensino por correspondência privado utilizando-se das mídias impressas e correio. Em 1923 o rádio entra com sua função educativa. Em meados de 1965 a 1970 a EaD ganha uma nova fase com a criação das TVs educativas pelo poder público. Por volta de 1980 surgem as ofertas de supletivos via telecursos com o uso da televisão e de materiais impressos, por fundações sem fins lucrativos. Em 1985, passa-se a utilizar o computador em redes locais nas universidades. A utilização desta ferramenta torna-se mais abrangente em meados de 1989, devido à criação da Rede Nacional de Pesquisa e a partir daí até por volta de 1998 tem se o uso de mídias de armazenamento pelo uso de vídeo-aula, disquete, CD-ROM etc., como meios complementares.4
Com o uso das novas tecnologias percebe-se mudanças rápidas no histórico da EaD no Brasil. A teleconferência é utilizada a partir de 1990 em programa de capacitação e em 1994 inicia-se a oferta de cursos superiores à distância utilizando a mídia impressa.
Com a disseminação da internet, passa-se em 1995 a utilizá-la nas Instituições de Ensino Superior via Rede Nacional de Pesquisa. Já em 1996 incrementa-se o uso das redes de videoconferência, com o início de ofertas de mestrado à distância por universidade pública em parceria com empresas privadas.
Com o desenvolvimento de Ambientes Virtuais de Aprendizagem - AVA, por volta de 1997 passa a se ofertar cursos de especialização à distância via internet em universidades públicas e particulares. Entre 1999 e 2001 cria-se as redes públicas privadas e confessionais para cooperação em tecnologia e metodologia para o uso das NTICs na EaD.
O credenciamento oficial de instituições universitárias para atuar em educação à distância surge por volta de 1999 a 2002. Já em 2004 a Web 2.0 passa a fazer parte da EaD e o uso de web semântica como ferramenta de acesso.
O Ministério da Educação cria em 2005 o Sistema de Universidade Aberta do Brasil (UAB), que visa expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas do ensino superior. Com a criação da tecnologia 3G em 2008, passa-se a utilizá-la na EaD para envio de material multimídia por meio de celular.
Gonzales (2005) faz uma rápida análise da oficialização da EaD no Brasil por meio da LDB: A Educação à Distância (EaD) foi oficializada no Brasil em 1996 pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996), pelo decreto nº 2494, de 10 de fevereiro de 1998 (publicado no Diário Oficial da União - DOU - de 11/02/1998), decreto nº 2561, de 27 de abril de 1998 (publicado no DOU de 28/04/1998) e pela portaria ministerial nº 301, de 7 de abril de 1998 (publicado no DOU de 09/04/1998).
Seus precursores, os antigos cursos por correspondência, mais recentemente, os telecursos, ganham vida nova com o advento da Internet. Aliada aos mais modernos recursos técnicos de comunicação, como CD-ROMs, tele e videoconferência interativas, DVDs, dentre outros, a rede mundial de computadores veio promover uma verdadeira revolução, não apenas tecnológica, mas também social e pedagógica na Educação. (GONZALES, 2005, p. 25)
De acordo com dados da Abed, entre 2004 e 2005 a modalidade EaD cresceu 32% e parte deste crescimento deve-se ao uso das tecnologias. É inegável a inserção da tecnologia no setor educacional e de sua viabilidade como precursora de uma já considerada "antiga" modalidade educacional - a Educação à Distância. Todavia, somente com o resgate oferecido pela LDB 9394/96, há uma década, que a pesar de todos os questionamentos e críticas sofridas por esta modalidade, podemos hoje reafirmar sua importância, inegável importância, ao sistema educacional (VASCONCELOS, 2008, p. 223).
Por fim, percebe-se que a EaD vem ganhando credibilidade por meio de leis específicas e vários exemplos de cursos, exemplos que deram certo, mostrando na prática que esta modalidade vem suprir algumas necessidades na educação.

3. As Pessoas com Deficiência e sua Formação.

Por meio de novos recursos tecnológicos a EaD tem se tornado inclusiva, favorecendo desta forma a profissionalização de pessoas com deficiência que até então encontravam barreiras para estudar.
Segundo Litto (2008)5, torna possível incluir em todas as formas de educação pessoas incapacitadas por uma série de fatores, de frequentar instituições convencionais de aprendizagem.
Hoje em dia, percebe-se que não só as pessoas com deficiência possuem seus limites, mas que os ambientes dessas instituições convencionais de ensino são que, em verdade, estão incapacitados para recebê-las, mudando o foco da pessoa para o ambiente.
As pessoas com deficiência encontram dificuldade de formação devido à falta de recursos necessários para atendê-los nas instituições de ensino. Tem-se como empecilho a falta de estrutura física e tecnológica. Nem todos os prédios estão adequados para receber um cadeirante, não possuem profissionais preparados para receber uma pessoa com deficiência auditiva, dentre vários outros exemplos.
É importante destacar que alguns descuidos inviabilizam a frequência de pessoas com dificuldades de locomoção, tais como os cegos, tetraplégicos ou até mesmo pessoas com mobilidade reduzida, além de obesos e idosos. Isso sem contar com a falta de estrutura urbana, transportes inadequados, péssimos calçamentos, trânsito intenso e falta de segurança.
A EaD aliada à tecnologia vem suprir esta necessidade e amenizar os entraves, criando novos caminhos para as pessoas, com ou sem deficiência.
Segundo o consultor em acessibilidade web, Marco Antonio de Queiroz, "também não podemos nos esquecer dos entraves que muitas vezes a EaD proporciona às pessoas com deficiência que a utiliza. Para pessoas com deficiência visual, professores em teleconferências apontando para um mapa ou gráfico mencionando qualidades de uma região sem dizerem a que região estão se referindo, páginas da internet fora dos padrões internacionais de acessibilidade, arquivos inacessíveis pelos softwares leitores de tela, deixam a informação perdida, materiais sem possibilidade de tradução para língua de sinais, informações acessadas somente por conexões muito rápidas e outros entraves, podem tornar a EaD também não amigável para nós. É sempre preciso disseminar uma cultura da inclusão, que tanto desenvolvedores de tecnologias quanto professores da EaD, quanto arquitetos e professores do ensino comum, aprendam a trabalhar sempre com o pensamento de que pessoas com deficiência também estarão entre as pessoas usuárias de seus trabalhos".
A Lei 8.213/91 de 24 de julho de 1991 e o Decreto 3.298/99, de 21 de dezembro de 1999 determinam que todas as empresas com mais de 100 funcionários são obrigadas a contratar pessoas com deficiência nas seguintes proporções:
  • Até 200 empregados 2%;
  • De 201 a 500 3%;
  • De 501 a 1000 4%;
  • Acima de 1000 5%.
Após a edição da lei, o mercado de trabalho começou a tornar-se mais receptivo à inclusão profissional, porém encontraram dificuldades em contratar pessoas qualificadas. A partir daí muitas pessoas com deficiência começam a se preparar profissionalmente para serem aceitos neste mercado.
Para as empresas um dos principais entraves para a contratação das pessoas com deficiência é a falta de qualificação dessas pessoas. Depois da criação do Ano Internacional dos Deficientes, promovido pela ONU em 1981, a questão do trabalho da pessoa com deficiência passou a ser inserida nos discursos de conquista da cidadania, o que foi acatado pela Constituição Federal brasileira de 1988.6, por inúmeras leis e decretos normalizadores após a Constituição e, finalmente, pela Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, especialmente em seu artigo 27.
De acordo com a consultora e socióloga Melissa Bahia, em seu livro "Responsabilidade social e diversidade nas organizações: Contratando pessoas com deficiência", no censo do IBGE, em 2000, o Brasil possuía 24,6 milhões de pessoas com deficiência, o que representava 14,5% da população. Deste contingente, 15 milhões tinham entre 15 e 59 anos, idade produtiva, porém apenas 51% estavam trabalhando. Outro dado apontado pelo censo é que 23% das pessoas com deficiência que trabalhavam sobreviviam com uma renda mensal de até um salário mínimo.
Poucas empresas no Brasil e no mundo estão preparadas para estimular e fortalecer a diferença. Esse processo exige tempo, energia e dinheiro ao recrutamento e à avaliação das pessoas.
Uma modalidade que pode favorecer a preparação e profissionalização desses trabalhadores é a EaD. As características da educação à distância podem favorecer às pessoas com deficiência pela flexibilidade de horário, segurança e o respeito pela diversidade de pessoas e culturas, quando as técnicas são adequadamente disponibilizadas.
Neste sentido, pode-se afirmar, portanto, que a tecnologia tem ajudado as pessoas com deficiência a se qualificar. A Educação à Distância é um meio pelo qual essas pessoas podem estudar.
De acordo com Mazzolenis (2007)8, Flávia Cintra, após sofrer um acidente automobilístico aos 18 anos ficou tetraplégica, foi aluna de um curso EaD, em Marketing de Serviço, da FVG Online. De acordo com Cintra é necessário que as pessoas com deficiência se qualifiquem, pois não é só porque existe a lei que eles têm emprego garantido.
Ela não ficou parada e foi à luta. Assumiu uma posição de destaque contra a exclusão às pessoas com deficiência. Fundou o Centro de Vida Independente de Santos (CVI), criou e desenvolveu o Programa de Conscientização em Escolas e Universidades, participou como bolsista da ONU no International Leadership Forum for Woman with Disabilities - encontro internacional de lideranças formadas por mulheres com deficiência - que ocorreu em 1997 em Washington D.C., EUA. É atualmente vice-presidente do Instituto Paradigma, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Ocip), sem fins lucrativos, que promove a inclusão social.
Outra pessoa que também aderiu a EaD foi o analista de sistema Laércio Sant'Anna, 40 anos, cego de nascença e aluno do curso de Administração da Universidade Virtual Brasileira (UVB). Para Laércio (In. MAZZOLENIS, ano 2007, p. 93) a decisão de fazer um curso a distância não poderia ter sido melhor: Em minha casa tenho um ambiente mais tranqüilo e, conseqüentemente, mais favorável ao aprendizado. Atualizo e amplio meus conhecimentos, agregando uma macro visão do mundo em que vivo e atuo. E tudo isso no meu ritmo, sem perda de tempo, nem deslocamentos pela cidade, de forma segura. Acredito que essa forma de ensino ajuda muitíssimo aos portadores de deficiência e poderá auxiliar ainda mais, desde que sejam usadas técnicas adequadas a esse usuário.
Com a ajuda de alguns softwares sintetizadores de voz, tais como o Dosvox, o NVDA, Virtual Vision, Jaws e outros que traduzem oralmente o conteúdo transmitido, um cego acompanha um curso on-line. Os três primeiros são gratuitos. O primeiro pode ser encontrado no site da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o segundo no site do NVDA Site Externo. e o terceiro é oferecido pelo Banco Bradesco aos seus correntistas.
Na questão das NTIC´s, é preciso lembrar um importante pressuposto que, embora seja um truísmo, é muitas vezes esquecido ou obnubilado nos debates sobre este tema: as tecnologias não são boas (ou más) em si, podem trazer grandes contribuições para a educação, se forem usadas adequadamente, ou apenas fornecer um revestimento moderno a um ensino antigo e inadequado.
É essencial, porém, que tenhamos consciência de que sua integração à educação já é uma opção sem volta: estas tecnologias já estão no mundo, transformando todas as dimensões da vida social e econômica; cabe ao campo educacional integrá-las e tirar de suas potencialidades comunicacionais e pedagógicas o melhor proveito. O que exigirá dos sistemas educacionais grandes esforços de imaginação pedagógica e um volume considerável de investimentos financeiros. (BELLONI, 2008, p. 104).
Em Uberlândia/MG a União Educacional Minas Gerais - UNIMINAS, em um curso de Especialização Latus Sensu em Tecnologia Digital Aplicada à Educação, precisou se adequar para receber uma aluna com dificuldade visual. A integração da estudante somente foi possível por meio da instalação de um programa específico que a auxilia durante todas as atividades e aula.
Assim, percebe-se a necessidade de união entre as NTICs e EaD auxiliando na formação e capacitação das pessoas com deficiência para atuarem no mercado de trabalho e incluindo-os na vida acadêmica.

4. Considerações Finais.

As pessoas com deficiência que até então tinham mais dificuldades de acesso à educação e às informações, graças à tecnologia podem estudar mais facilmente e com maior independência por meio do computador com teclados viáveis e vários softwares auxiliares. Assim, essas pessoas ganham mais autonomia e passam a contar menos com o auxílio de terceiros. Mas para tanto é preciso que os profissionais da tecnologia estejam atentos às necessidades destas pessoas e desenvolvam e apliquem todos os recursos possíveis visando a não exclusão de nenhum ser humano.
É preciso criar uma conscientização de que produtos e serviços sejam universais, ou seja, utilizáveis por qualquer pessoa sem nenhuma discriminação. As instituições de ensino devem ficar atentas e se preparar para receber e atender à diversidade de alunos, principalmente aqueles que possuem alguma dificuldade física, sensorial ou cognitiva.
As pessoas com deficiência que antes eram excluídas da sociedade e do mercado de trabalho, batalharam e aos poucos estão conseguindo que seus direitos sejam atendidos e cumpridos. Por meio da luta de algumas pessoas as demais estão se conscientizando da importância da qualificação para assumirem seus cargos nas empresas, não apenas para preencherem cotas, mas para assumirem seus papéis na sociedade.
Percebe-se a ausência de políticas públicas ou mesmo a não aplicação de algumas existentes, que viabilizem a aquisição de computadores e recursos necessários para que as pessoas com deficiência possam realizar os cursos na modalidade EaD. Por outro lado, alguns desenvolvedores de tecnologias também não se apercebem que precisam adaptar seus ambientes e tecnologias para que tais pessoas também não sejam barradas nessa modalidade de ensino e aprendizado tão importante.
Entende-se é necessária a inclusão e a socialização dessas pessoas, mas enquanto a população não se conscientizar e ainda persistirem barreiras físicas, psicológicas, sociais e morais, a EaD é uma opção encontrada por alguns na tentativa de vencer os empecilhos e conseguir um diploma e uma profissão.

5. Referências bibliográficas.

  • Alem do limite físico. Revista Você S/A. São Paulo: Abril, ed. 89, p. 14, nov. 2005.
  • BELLONI, Maria Luiza. Educação a Distância. 5. ed, Campinas: Autores Associados, 2008. p. 115.
  • CARLOS, Vera Lúcia. A inclusão no mercado de trabalho. In:___. Discriminação nas relações de trabalho São Paulo: Método, 2004. p. 83-96.
  • CURSO a distância viabilizam formação a portadores de necessidades especiais. Disponível em: http://portal.webaula.com.br/noticia.aspx?sm=noticias&codnoticia=1225 . Acesso em: 17 fev. 2007.
  • GONZALES, Mathias. Fundamentos da Tutoria em Educação a Distância. São Paulo: Avercamp, 2005. p. 94.
  • INSTITUTO BRASILEIRO DE DIVERSIDADE. Disponível em: http://www.ibd.org.br/diversidade.htm . Acesso em: 24 out. 2006.
  • MAZZOLENIS, Sheila. Educação inclusiva. Revista Guia de Educação a Distância. São Paulo: Segmentos, n. 4, p. 90-94. jan. 2007
  • MORAN, José Manuel. O que é Educação a Distância. Disponível em: http://www.eca.usp.br/prof/moran/dist.htm Acesso em: 05 dez. 2008.
  • PAGENOTTO, Maria Lígia. Busca do tempo perdido. Guia de Educação a Distância, São Paulo. n. 5, p. 8-14. jan. 2008.
  • SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 3. ed. Rio de Janeiro: WVA, 1999. p. 174.
  • SILVA, Ketiuce Ferreira; SILVA NETO, Sertório Amorim. O processo de ensino aprendizagem apoiado pelas TIC´s: repensando práticas educacionais. Disponível em: http://br.geocities.com/ketiuce/TDAE/artigos.htm Acesso em: 12 dez. 2008
  • RIBAS, João Batista Cintra. As pessoas portadoras de deficiência na sociedade brasileira. Brasília: CORDE, 1997. 52p.
  • VASCONCELOS, Juliene Silva. Educação a Distância/EaD e o contexto educacional pós LDB. ___. SILVA, Maria Vieira; MARQUES, Mara Rúbia (Org.). LDB balanços e perspectivas para educação brasileira. Campinas: Alínea, 2008. p. 205-223.
  1. Aluna do Curso de Especialização em Tecnologias Digitais Aplicadas à Educação, Professora da Rede Municipal de Uberlândia, vinculado à Escola Municipal de Educação Infantil Cora Coralina.
  2. Professora Orientadora, Coordenadora Didático-Pedagógica, professora do Curso de Especialização em Tecnologias Digitais Aplicadas à Educação e do Curso de Pedagogia, Docência, Gestão e Tecnologia da União Educacional Minas Gerais/UNIMINAS. E-mail: juliene@uniminas.br.
  3. MORAN, José Manuel. O que é Educação a Distância. Disponível em: http://www.eca.usp.br/prof/moran/dist.htm Acesso em: 05 dez. 2008.
  4. É importante registrar a promulgação da LDB 9394/96 como um dos marcos da EaD no Brasil, em que pela primeira vez esta modalidade é citada em legislação nacional de acordo com Vasconcelos (2008).
  5. Conforme entrevista à Revista Educação a Distância da Editora Segmento. Jan/2008.
  6. CARLOS, Vera Lúcia. A inclusão no mercado de trabalho. In:___. Discriminação nas relações de trabalho. São Paulo: Método, 2004. p. 89
  7. SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 3. ed. Rio de Janeiro: WVA, 1999. p. 17.
  8. MAZZOLENIS, Sheila. Educação inclusiva. Revista Guia de Educação a Distância. São Paulo: Segmentos, n. 4, p. 92. jan. 2007.

Fonte: http://www.bengalalegal.com/ead


2 comentários:

  1. Giselle, adorei teu blog e achei o tema super relevante. Que bom aproveitarmos esse nosso curso para criarmos coisas tão úteis e facilitar o acesso a discussões tão pertinentes! Parabéns!

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  2. Obrigada Carla, que bom que gostou. Com certeza esse curso está sendo muito enriquecedor para todos nós.

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